Atos dos Apóstolos 6:1-15

6  Naqueles dias, ao aumentar o número de discípulos, os judeus que falavam grego começaram a reclamar contra os judeus que falavam hebraico, porque as suas viúvas estavam a ser deixadas de lado na distribuição diária.+  Por conseguinte, os Doze reuniram a multidão dos discípulos e disseram: “Não é correto que deixemos a palavra de Deus para servir alimento às mesas.+  Portanto, irmãos, escolham dentre vocês sete homens de boa reputação,+ cheios de espírito e de sabedoria,+ e nós iremos designá-los para esta tarefa necessária.+  Porém, nós próprios iremos dedicar-nos à oração e ao ministério da palavra.”+  O que eles disseram agradou a toda a multidão, e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e de espírito santo,+ e também Filipe,+ Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.  Eles levaram-nos aos apóstolos, que, depois de orar, lhes impuseram as mãos.+  Assim, a palavra de Deus continuava a espalhar-se,+ e o número de discípulos multiplicava-se muito+ em Jerusalém. E uma grande multidão de sacerdotes tornou-se obediente à fé.+  Estêvão, cheio de favor divino e de poder, realizava grandes sinais e milagres entre o povo.  No entanto, alguns homens da chamada Sinagoga dos Libertos, juntamente com alguns cireneus e alexandrinos, bem como alguns da Cilícia e da Ásia, vieram para discutir com Estêvão. 10  Contudo, não puderam resistir à sabedoria e ao espírito com que ele falava.+ 11  Então, persuadiram secretamente alguns homens a dizer: “Nós ouvimo-lo a dizer blasfémias contra Moisés e contra Deus.”+ 12  E eles atiçaram o povo, os anciãos e os escribas; e, numa investida, agarraram-no e levaram-no ao Sinédrio. 13  Apresentaram então testemunhas falsas, que disseram: “Este homem não para de falar contra este lugar santo e contra a Lei.+ 14  Por exemplo, nós ouvimo-lo a dizer que este Jesus, o Nazareno, derrubará este lugar+ e mudará os costumes que Moisés nos transmitiu.” 15  E, quando todos os que estavam sentados no Sinédrio olharam fixamente para ele, viram que o seu rosto era como o rosto de um anjo.

Notas de rodapé

Notas de estudo

os judeus de língua grega: Lit.: “os helenistas”. Tudo indica que a palavra grega que aparece aqui se refere a judeus que usavam a língua grega para se comunicarem, em vez do hebraico. É provável que esses judeus que estavam em Jerusalém fossem de diferentes partes do Império Romano. Embora essa palavra tenha sido usada em At 6:1 para se referir a cristãos, aqui em At 9:29, obviamente, não se refere a discípulos de Cristo, como mostra o contexto. Na colina de Ofel, em Jerusalém, foi encontrada a Inscrição de Teódoto, que prova que muitos judeus que falavam grego iam a Jerusalém. — Veja a nota de estudo em At 6:1.

judeus que falavam grego: Lit.: “helenistas”. A palavra grega usada aqui, Hellenistés, não aparece na literatura grega nem na literatura judaico-helenística, mas a tradução “judeus que falavam grego” está de acordo com o contexto e é apoiada por muitos léxicos. Na ocasião mencionada nesta passagem, todos os cristãos em Jerusalém, incluindo os que falavam grego, eram judeus de nascença ou prosélitos que se tinham convertido ao judaísmo. (At 10:28, 35, 44-48) A palavra traduzida como “judeus que falavam grego” é usada em contraste com a palavra traduzida como “judeus que falavam hebraico” (lit.: “hebreus”; plural do grego Ebraíos). Assim, os “helenistas” mencionados aqui eram judeus que falavam grego que tinham viajado de diferentes partes do Império Romano para Jerusalém, e talvez incluíssem pessoas de Decápolis. Por outro lado, tudo indica que a maioria dos “judeus que falavam hebraico” era da Judeia e da Galileia. É provável que existissem diferenças culturais entre os cristãos judeus que falavam grego e os cristãos judeus que falavam hebraico. — Veja a nota de estudo em At 9:29.

judeus que falavam hebraico: Lit.: “hebreus”. A palavra grega Ebraíos (singular) normalmente refere-se a um israelita, um hebreu. (2Co 11:22; Fil 3:5) No entanto, neste contexto a palavra refere-se a cristãos judeus que falavam hebraico, que no versículo são contrastados com os cristãos judeus que falavam grego. — Veja a nota de estudo em judeus que falavam grego neste versículo e a nota de estudo em Jo 5:2.

na distribuição diária: Ou: “no serviço (ministério) diário”. A palavra grega diakonía, muitas vezes, é traduzida como “ministério”. Aqui, refere-se a um aspeto específico do ministério cristão: cuidar das necessidades materiais de irmãos e irmãs da congregação que precisem de ajuda. — Veja a nota de estudo em At 6:2, onde o verbo relacionado, diakonéo, foi traduzido como “para servir alimento”; veja também a nota de estudo em Lu 8:3.

os ajudavam: Ou: “os apoiavam; faziam provisões para eles”. A palavra grega diakonéo pode referir-se a cuidar do bem-estar de outros por obter, preparar e servir alimentos, entre outras coisas. É usada com um sentido parecido em Lu 10:40 (“cuidar das coisas”), Lu 12:37; 17:8 (‘servir’) e At 6:2 (“servir alimento”), mas também pode referir-se a qualquer outro serviço de natureza pessoal. Aqui, a palavra diakonéo é usada para descrever como as mulheres mencionadas nos versículos 2 e 3 apoiavam Jesus e os seus discípulos, ajudando-os a cumprir a designação que tinham recebido de Deus. Ao fazerem isso, aquelas mulheres davam honra a Jeová. Jeová mostrou que valorizava a bondade e a generosidade delas por fazer com que os escritores da Bíblia registassem o que elas fizeram, para que as futuras gerações pudessem ler. (Pr 19:17; He 6:10) Os textos de Mt 27:55 e Mr 15:41 também usam essa palavra para falar da ajuda que algumas mulheres davam a Jesus. — Para informações sobre o substantivo relacionado, diákonos, veja a nota de estudo em Lu 22:26.

para servir alimento: Ou: “para ministrar”. Aqui, a palavra grega diakonéo refere-se a um aspeto específico do ministério cristão: cuidar das necessidades materiais de irmãos e irmãs necessitados, mas merecedores. — Veja a nota de estudo em At 6:1, onde o substantivo relacionado, diakonía, foi traduzido como “distribuição”; veja também a nota de estudo em Lu 8:3.

hebraico: Nas Escrituras Gregas Cristãs, os escritores inspirados da Bíblia chamaram “hebraico” à língua falada pelos judeus (Jo 19:13, 17, 20; At 21:40; 22:2; Ap 9:11; 16:16) e usada pelo glorificado Jesus ao falar com Saulo de Tarso (At 26:14, 15). O texto de At 6:1 diferencia os “judeus que falavam hebraico” dos “judeus que falavam grego”. Alguns estudiosos afirmam que todas essas ocorrências da palavra “hebraico” deveriam ser traduzidas como “aramaico”, mas há bons motivos para acreditar que a palavra realmente se refere à língua hebraica. Por exemplo, o médico Lucas diz em Atos que o apóstolo Paulo falou ao povo de Jerusalém “no idioma hebraico”. Paulo estava a falar com pessoas que gastavam grande parte do seu tempo a estudar a Lei de Moisés em hebraico. Além disso, os Rolos do Mar Morto (um conjunto de muitos fragmentos e manuscritos bíblicos e não bíblicos), na sua maior parte, foram escritos em hebraico, mostrando que a língua era usada pelos judeus no dia a dia. Também foram encontrados alguns fragmentos em aramaico, mas isso mostra apenas que as duas línguas eram usadas. Portanto, parece muito improvável que os escritores bíblicos usassem a palavra “hebraico” para se referir à língua aramaica, ou síria. (At 21:40; 22:2; compare com At 26:14.) Em 2Rs 18:26, as Escrituras Hebraicas diferenciam o “aramaico” do “idioma dos judeus”. E o historiador judeu Josefo, ao comentar sobre este mesmo relato de 2 Reis, fala do “aramaico” e do “hebraico” como dois idiomas diferentes. (Antiguidades Judaicas) É verdade que o hebraico e o aramaico têm algumas palavras muito parecidas e que algumas palavras hebraicas vêm do aramaico. No entanto, parece não haver motivo para os escritores das Escrituras Gregas Cristãs terem usado “hebraico” se estivessem a referir-se ao “aramaico”.

na distribuição diária: Ou: “no serviço (ministério) diário”. A palavra grega diakonía, muitas vezes, é traduzida como “ministério”. Aqui, refere-se a um aspeto específico do ministério cristão: cuidar das necessidades materiais de irmãos e irmãs da congregação que precisem de ajuda. — Veja a nota de estudo em At 6:2, onde o verbo relacionado, diakonéo, foi traduzido como “para servir alimento”; veja também a nota de estudo em Lu 8:3.

os ajudavam: Ou: “os apoiavam; faziam provisões para eles”. A palavra grega diakonéo pode referir-se a cuidar do bem-estar de outros por obter, preparar e servir alimentos, entre outras coisas. É usada com um sentido parecido em Lu 10:40 (“cuidar das coisas”), Lu 12:37; 17:8 (‘servir’) e At 6:2 (“servir alimento”), mas também pode referir-se a qualquer outro serviço de natureza pessoal. Aqui, a palavra diakonéo é usada para descrever como as mulheres mencionadas nos versículos 2 e 3 apoiavam Jesus e os seus discípulos, ajudando-os a cumprir a designação que tinham recebido de Deus. Ao fazerem isso, aquelas mulheres davam honra a Jeová. Jeová mostrou que valorizava a bondade e a generosidade delas por fazer com que os escritores da Bíblia registassem o que elas fizeram, para que as futuras gerações pudessem ler. (Pr 19:17; He 6:10) Os textos de Mt 27:55 e Mr 15:41 também usam essa palavra para falar da ajuda que algumas mulheres davam a Jesus. — Para informações sobre o substantivo relacionado, diákonos, veja a nota de estudo em Lu 22:26.

correto: Lit.: “agradável”. Se o “ministério da palavra” fosse negligenciado, isso não agradaria nem a Deus nem aos apóstolos. — At 6:4.

para servir alimento: Ou: “para ministrar”. Aqui, a palavra grega diakonéo refere-se a um aspeto específico do ministério cristão: cuidar das necessidades materiais de irmãos e irmãs necessitados, mas merecedores. — Veja a nota de estudo em At 6:1, onde o substantivo relacionado, diakonía, foi traduzido como “distribuição”; veja também a nota de estudo em Lu 8:3.

homens de boa reputação: Ou: “homens de quem se fala bem; homens de quem se dá bom testemunho”. Aqui, o verbo grego martyréo (“dar testemunho”) foi usado na voz passiva. Era preciso escolher homens qualificados porque a tarefa envolvia não apenas distribuir alimentos, mas também lidar com dinheiro, fazer compras e manter registos exatos. De acordo com o versículo, os sete homens deviam estar cheios de espírito e de sabedoria, ou seja, a vida deles devia mostrar que eram guiados pelo espírito santo e pela sabedoria de Deus. As dificuldades e diferenças que existiam na congregação tornavam a situação delicada. Por isso, era necessário escolher homens experientes que tivessem bom senso, discrição e discernimento. Um desses homens foi Estêvão, e a sua defesa diante do Sinédrio indica que ele tinha essas qualidades. — At 7:2-53.

ao ministério da palavra: A palavra grega traduzida aqui como “ministério” (diakonía) também foi usada em At 6:1. Então, é óbvio que este relato trata de dois tipos diferentes de ministério: um envolvia distribuir alimento físico de maneira imparcial aos necessitados e o outro envolvia dar alimento espiritual baseado na Palavra de Deus à congregação. Os apóstolos chegaram à conclusão de que não seria apropriado que usassem o tempo a distribuir alimentos em vez de se concentrarem no ministério mais importante, o de dar alimento espiritual. Isso envolvia estudar com oração, pesquisar, e ensinar e pastorear a congregação. É verdade que eles sabiam que cuidar das necessidades materiais de viúvas pobres na congregação era uma parte necessária do ministério de um cristão. Mais tarde, Jeová inspirou Tiago a escrever que quem quer adorar a Deus de maneira aceitável deve “cuidar dos órfãos e das viúvas nas suas dificuldades”. (Tg 1:27) Mas os apóstolos reconheciam que a prioridade deles era cuidar das necessidades espirituais de todos os discípulos, incluindo as viúvas.

Antioquia, na Pisídia: Esta cidade pertencia à província romana da Galácia e ficava na fronteira de duas regiões, a Frígia e a Pisídia. Assim, dependendo da época da história, talvez fosse considerada parte de uma região ou da outra. As ruínas da cidade ficam perto de Yalvaç, na Turquia. Também é citada em At 14:19, 21. A viagem da cidade de Perge, perto do mar Mediterrâneo, para Antioquia, não era nada fácil, já que Antioquia ficava cerca de 1100 metros acima do nível do mar. (Veja o Apêndice B13.) Além disso, as estradas nas montanhas eram perigosas e acidentadas, e os viajantes corriam o risco de serem assaltados. Existia outra cidade chamada Antioquia, que ficava na Síria. (At 6:5; 11:19; 13:1; 14:26; 15:22; 18:22) Na verdade, na maioria das vezes que esse nome aparece em Atos, não se refere à Antioquia da Pisídia, mas à Antioquia da Síria.

por orientação divina, foram chamados: A maioria das Bíblias diz simplesmente “foram chamados”. Mas aqui não aparece nenhuma das palavras gregas que normalmente são traduzidas como “chamar”. (Mt 1:16; 2:23; Mr 11:17; Lu 1:32, 60; At 1:12, 19) A palavra grega usada neste versículo é khrematízo e, na maioria das nove ocorrências desta palavra nas Escrituras Gregas Cristãs, está claramente ligada a coisas que têm origem divina. (Mt 2:12, 22; Lu 2:26; At 10:22; 11:26; Ro 7:3; He 8:5; 11:7; 12:25) Por exemplo, em At 10:22, é usada com a expressão “por meio de um anjo”. E, em Mt 2:12, 22, está relacionada com sonhos dados por Deus. No texto de Ro 11:4, aparece o substantivo relacionado, khrematismós, que é traduzido na maioria dos léxicos e traduções da Bíblia como “declaração divina; resposta divina; resposta de Deus”. É possível que Jeová tenha orientado Saulo e Barnabé a usar o nome “cristãos”. Alguns acham que o nome “cristãos” pode ter sido uma alcunha criada pelos não judeus de Antioquia para gozar com os seguidores de Cristo. Mas o uso da palavra khrematízo aqui mostra claramente que os cristãos foram chamados assim pela vontade de Deus. Também parece muito improvável que tenham sido os judeus de Antioquia a inventarem esse nome. Eles tinham rejeitado Jesus como o Messias e, se dessem aos seguidores dele o nome “cristãos” (do grego) ou “messianistas” (do hebraico), estariam a reconhecer indiretamente que Jesus tinha mesmo sido o Ungido, ou Cristo.

cristãos: A palavra grega Khristianós, que significa “seguidor de Cristo”, aparece apenas três vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. (At 11:26; 26:28; 1Pe 4:16) Vem da palavra Khristós (Cristo), que significa “ungido”. Os cristãos seguem os ensinos e o exemplo de Jesus, “o Cristo”, ou seja, aquele que foi ungido por Jeová. (Lu 2:26; 4:18) É possível que os cristãos tenham recebido esse nome, que foi dado “por direção divina”, já em 44 EC, quando os acontecimentos mencionados neste versículo ocorreram. Tudo indica que, nos anos seguintes, esse nome passou a ser muito usado. Por exemplo, quando Paulo foi levado ao rei Herodes Agripa II, por volta de 58 EC, Agripa sabia quem eram os cristãos. (At 26:28) Os escritos do historiador romano Tácito indicam que, por volta do ano 64 EC, o termo “cristão” era usado em Roma pelas pessoas em geral. Outra evidência é a primeira carta de Pedro, escrita entre 62 e 64 EC, que foi dirigida aos cristãos espalhados pelo Império Romano. Pelos vistos, nessa altura, o termo “cristão” tinha-se tornado muito conhecido e servia para identificar de forma específica e inconfundível quem seguia Cristo. (1Pe 1:1, 2; 4:16) Com esse nome dado por Deus, já ninguém pensaria que os seguidores de Cristo pertenciam a uma seita do judaísmo.

Estêvão, [...] Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau: Todos estes sete nomes são gregos. Assim, é possível que, dentre todos os homens qualificados da congregação de Jerusalém, os apóstolos tenham escolhido judeus ou prosélitos que falavam grego. No entanto, Nicolau é o único sobre quem o versículo acrescenta a descrição prosélito de Antioquia, o que pode indicar que somente ele não era judeu de nascença. Os outros seis nomes gregos eram comuns, mesmo entre o povo judeu. De qualquer forma, parece que os apóstolos, agindo como corpo governante, pensaram nos sentimentos dos judeus que falavam grego quando escolheram esses sete homens. — At 6:1-6.

Antioquia: Esta é a primeira vez que a cidade de Antioquia da Síria é mencionada na Bíblia. Ficava cerca de 500 quilómetros a norte de Jerusalém e tornou-se a capital da província romana da Síria em 64 AEC. No primeiro século EC, era a terceira maior cidade do Império Romano, a seguir a Roma e Alexandria. Antioquia era admirada pela sua beleza e grande influência política, comercial e cultural, mas também era conhecida por ser uma cidade muito imoral. Havia uma grande população de judeus em Antioquia e, pelos vistos, muitos que falavam grego tornaram-se prosélitos por causa deles. Um desses prosélitos foi Nicolau, que depois se converteu ao cristianismo. Barnabé e o apóstolo Paulo passaram um ano em Antioquia a ensinar, e Paulo usou essa cidade como ponto de apoio, de onde ele partia para as suas viagens missionárias. Foi primeiro em Antioquia que os seguidores de Cristo, “por orientação divina, foram chamados cristãos”. (Veja as notas de estudo em At 11:26.) Esta Antioquia não é a mesma Antioquia mencionada em At 13:14, que ficava na Pisídia. — Veja a nota de estudo em At 13:14 e o Apêndice B13.

lhes impuseram as mãos: Nas Escrituras Hebraicas, o gesto de pôr as mãos sobre uma pessoa ou um animal podia ter vários significados. (Gén 48:14; Le 16:21; 24:14) Quando era feito a uma pessoa, esse gesto geralmente indicava que ela estava a receber reconhecimento especial ou que estava a ser designada para uma tarefa especial. (Núm 8:10) Por exemplo, Moisés pôs as suas mãos sobre Josué para mostrar que ele seria o seu sucessor. Depois disso, Josué ficou “cheio do espírito de sabedoria” e foi bem-sucedido em liderar a nação de Israel. (De 34:9) Na ocasião mencionada aqui em At 6:6, os apóstolos impuseram as suas mãos sobre os homens que eles designaram para cargos de responsabilidade. Mas os apóstolos só fizeram isso depois de orar sobre o assunto, mostrando que queriam a orientação de Deus. Mais tarde, o corpo de anciãos de uma congregação impôs as mãos sobre Timóteo, indicando que ele estava a receber uma designação especial. (1Ti 4:14) O próprio Timóteo foi autorizado a designar outros por impor as suas mãos sobre eles, mas ele só deveria fazer isso depois de analisar cuidadosamente as qualificações deles. — 1Ti 5:22.

milagres: Ou: “presságios”. — Veja a nota de estudo em At 2:19.

milagres: Ou: “presságios”. A palavra grega traduzida aqui como “milagres” é o plural de téras. Nas Escrituras Gregas Cristãs, é usada juntamente com a palavra semeíon (“sinal”), as duas sempre no plural. (Mt 24:24; Jo 4:48; At 7:36; 14:3; 15:12; 2Co 12:12) Basicamente, téras refere-se a qualquer coisa que cause espanto ou admiração. Quando é claro que o “milagre” se refere a um acontecimento futuro, como ocorre neste versículo, a nota de estudo apresentará a tradução alternativa “Ou: presságios”.

Sinagoga dos Libertos: Durante o domínio romano, o termo “liberto” era usado para se referir a uma pessoa que tinha sido libertada da escravidão. Alguns acreditam que os membros dessa sinagoga eram judeus que tinham sido escravizados pelos romanos e mais tarde foram libertados. Outros acreditam que eles eram prosélitos que tinham sido escravos.

anciãos: Lit.: “homens idosos”. Na Bíblia, a palavra grega presbýteros refere-se principalmente a uma pessoa que tem autoridade e responsabilidade numa comunidade ou nação. Embora essa palavra, às vezes, possa ser usada para indicar idade (como acontece em Lu 15:25; At 2:17), não se refere apenas a quem é idoso. Neste versículo, a palavra “anciãos” refere-se a homens de autoridade entre os judeus. Muitas vezes, eles são mencionados juntamente com outros dois grupos: os principais sacerdotes e os escribas. O Sinédrio era formado por homens desses três grupos. — Mt 21:23; 26:3, 47, 57; 27:1, 41; 28:12; veja o Glossário, “Ancião; Homem idoso”.

anciãos: Veja a nota de estudo em Mt 16:21.

o Nazareno: Expressão usada para se referir a Jesus e, mais tarde, aos seus discípulos. (At 24:5) Alguns nomes eram comuns entre os judeus, incluindo o nome Jesus, e, por isso, muitos acrescentavam ao nome alguma palavra ou expressão para identificar a pessoa. Nos tempos bíblicos, era costume associar a pessoa ao seu lugar de origem. (2Sa 3:2, 3; 17:27; 23:25-39; Na 1:1; At 13:1; 21:29) Visto que Jesus passou a maior parte da sua vida na Terra em Nazaré, na Galileia, era natural que lhe chamassem “o Nazareno”. Várias pessoas usavam essa expressão para se referir a ele, em diversas situações. (Mr 1:23, 24; 10:46, 47; 14:66-69; 16:5, 6; Lu 24:13-19; Jo 18:1-7) O próprio Jesus aceitou esse nome e usou-o. (Jo 18:5-8; At 22:6-8) Na placa que Pilatos colocou na estaca de Jesus, ele escreveu em hebraico, latim e grego: “Jesus, o Nazareno, o Rei dos judeus”. (Jo 19:19, 20) A partir do Pentecostes de 33 EC, os apóstolos e outros, muitas vezes, chamaram a Jesus “o Nazareno” ou disseram que ele era de Nazaré. — At 2:22; 3:6; 4:10; 6:14; 10:38; 26:9; veja também a nota de estudo em Mt 2:23.

o Nazareno: Veja a nota de estudo em Mr 10:47.

como o rosto de um anjo: Tanto a palavra hebraica como a palavra grega para “anjo” significam “mensageiro”. (Veja a nota de estudo em Jo 1:51.) Os anjos são mensageiros enviados por Deus e, por isso, agem sempre com coragem e serenidade, sabendo que têm o apoio dele. O rosto de Estêvão era o de um mensageiro de Deus. Ele permaneceu sereno, sabendo que era completamente inocente. A sua expressão facial refletia a certeza que tinha de que Jeová, “o Deus glorioso”, o apoiava. — At 7:2.

anjos: Ou: “mensageiros”. A palavra grega ággelos e a palavra hebraica correspondente malʼákh aparecem na Bíblia um total de quase 400 vezes. Têm o sentido básico de “mensageiro”. Quando se referem a mensageiros espirituais, são traduzidas como “anjos”, e quando que se referem a humanos, são traduzidas como “mensageiros”. (Gén 16:7; 32:3; Mt 1:20; Tg 2:25; Ap 22:8) Nos poucos casos em que o contexto não deixa claro a quem se referem, notas de rodapé muitas vezes mostram a tradução alternativa. (Veja as notas de rodapé em Jó 4:18; 33:23; Ec 5:6; Is 63:9 e o Glossário.) No livro de Apocalipse, que faz uso de muitos simbolismos, algumas vezes a palavra “anjo” pode referir-se a humanos. — Ap 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14.

Multimédia

Inscrição de Teódoto para judeus que falavam grego
Inscrição de Teódoto para judeus que falavam grego

Esta fotografia mostra a inscrição conhecida como Inscrição de Teódoto. Foi feita numa placa de calcário que mede 72 centímetros por 42 centímetros. A inscrição foi encontrada no início do século 20, na colina de Ofel, em Jerusalém. O texto foi escrito em grego e fala de Teódoto, um sacerdote que “construiu a sinagoga para a leitura da Lei e para o ensino dos mandamentos”. A inscrição é datada de antes da destruição de Jerusalém em 70 EC. Ela confirma que havia judeus que falavam grego em Jerusalém no primeiro século EC. (At 6:1) Alguns acreditam que a sinagoga mencionada nessa inscrição seja a “Sinagoga dos Libertos” citada em At 6:9. A inscrição mostra que tanto Teódoto como o seu pai e avô foram chamados arkhisynágogos (“presidente da sinagoga”), um título que aparece diversas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. (Mr 5:35; Lu 8:49; At 13:15; 18:8, 17) Também diz que Teódoto construiu acomodações para os que vinham de outros lugares. É provável que essas acomodações fossem usadas por judeus que estivessem a visitar Jerusalém, especialmente durante as festividades anuais. — At 2:5.

Antioquia da Síria
Antioquia da Síria

Esta fotografia mostra a cidade de Antáquia, na Turquia. Era ali que ficava a antiga cidade de Antioquia, que era a capital da província romana da Síria. Há evidências de que, no primeiro século EC, Antioquia da Síria era a terceira maior cidade do Império Romano, atrás apenas de Roma e Alexandria. Alguns estudiosos calculam que a cidade tivesse uma população de 250 000 pessoas ou mais. Depois de Estêvão ter sido assassinado em Jerusalém e os cristãos terem começado a ser perseguidos, alguns dos discípulos de Jesus foram para Antioquia. Ali, eles tiveram bons resultados ao pregar as boas novas a pessoas de língua grega. (At 11:19-21) Mais tarde, o apóstolo Paulo usou a cidade como ponto de apoio, de onde ele partia para as suas viagens missionárias. E “foi primeiro em Antioquia que os discípulos, por direção divina, foram chamados cristãos”. (At 11:26) Esta Antioquia não é a mesma Antioquia mencionada em At 13:14; 14:19, 21 e 2Ti 3:11, que ficava na Pisídia (Turquia central).