Atos dos Apóstolos 16:1-40

16  Então ele chegou a Derbe e a Listra.+ Havia lá um discípulo chamado Timóteo,+ filho de uma mulher judia crente, mas de pai grego,  e os irmãos em Listra e em Icónio falavam bem dele.+  Paulo quis que Timóteo o acompanhasse e circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares,+ pois todos sabiam que o seu pai era grego.  Ao viajarem pelas cidades, transmitiam aos irmãos as decisões tomadas pelos apóstolos e pelos anciãos em Jerusalém, para que obedecessem a esses decretos.+  Assim, as congregações eram fortalecidas na fé e cresciam a cada dia.  Eles viajaram pela Frígia e pela região da Galácia,+ porque* o espírito santo os tinha proibido de declarar a palavra na província da Ásia.  Além disso, quando desceram à Mísia, tentaram entrar na Bitínia,+ mas o espírito de Jesus não lhes permitiu fazê-lo.  Portanto, passaram pela Mísia e desceram até Tróade.  Durante a noite, Paulo teve uma visão: um macedónio estava de pé e suplicava-lhe: “Vem à Macedónia e ajuda-nos.” 10  Logo depois de ele ter a visão, tentámos ir à Macedónia, concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes declarar as boas novas. 11  Assim, embarcámos em Tróade e fomos diretamente para a Samotrácia, mas, no dia seguinte, fomos para Neápolis. 12  A partir de lá, fomos para Filipos,+ colónia romana e cidade principal da região da Macedónia. Ficámos nessa cidade por alguns dias. 13  No dia de sábado, saímos pelo portão da cidade e fomos para a beira de um rio, pois pensávamos que havia lá um lugar de oração. Sentámo-nos e começámos a falar com as mulheres que se tinham reunido ali. 14  Havia uma mulher que estava a ouvir: chamava-se Lídia, era vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira,+ e adoradora de Deus. E Jeová abriu-lhe amplamente o coração para prestar atenção ao que Paulo estava a dizer.+ 15  Depois de ela e os da sua casa terem sido batizados,+ ela insistiu: “Se me consideram fiel a Jeová, venham e fiquem na minha casa.” E ela simplesmente fez-nos ir. 16  Um dia, quando íamos para o lugar de oração, veio ao nosso encontro uma serva que tinha um espírito, um demónio de adivinhação.+ Ela dava muito lucro aos seus senhores por adivinhar o futuro. 17  Esta rapariga seguia Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são escravos do Deus Altíssimo+ e estão a proclamar-vos o caminho da salvação.” 18  Ela fez isso durante muitos dias. Por fim, Paulo ficou cansado daquilo, virou-se e disse ao espírito: “Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela.” E o espírito saiu nesse mesmo instante.+ 19  Quando os senhores dela viram que a sua esperança de lucro tinha acabado,+ agarraram Paulo e Silas e arrastaram-nos até à praça principal, às autoridades.+ 20  Levaram-nos aos magistrados civis e disseram: “Estes homens estão a perturbar muito a nossa cidade.+ São judeus 21  e estão a divulgar costumes que não nos é permitido* adotar ou praticar,+ visto que somos romanos.”+ 22  E toda a multidão se levantou contra eles. Então, os magistrados civis arrancaram-lhes as roupas e mandaram que fossem espancados com varas.+ 23  Depois de lhes baterem muito, mandaram-nos para a prisão+ e ordenaram ao carcereiro que os guardasse com segurança.+ 24  Recebendo essa ordem, ele meteu-os na prisão interior e prendeu-lhes os pés no tronco. 25  Contudo, por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam a orar e a louvar a Deus com cânticos,+ e os prisioneiros ouviam-nos. 26  De repente, houve um terramoto tão grande que os alicerces da cadeia foram abalados. Nesse instante, abriram-se todas as portas e soltaram-se as correntes de todos.+ 27  Quando o carcereiro acordou e viu que as portas da prisão estavam abertas, puxou da sua espada e ia matar-se, pensando que os prisioneiros tinham escapado.+ 28  Porém, Paulo gritou: “Não faças nenhum mal a ti próprio, pois estamos todos aqui!” 29  Assim, ele pediu que lhe trouxessem uma luz, entrou a correr e, tremendo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. 30  Ele levou-os para fora e perguntou: “Senhores, o que é que tenho de fazer para ser salvo?” 31  Eles responderam: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e os da tua casa.”+ 32  E falaram-lhe da palavra de Jeová, a ele e a todos os da sua casa. 33  Ele levou-os consigo àquela hora da noite e lavou-lhes os ferimentos. Então, ele e todos os da sua casa foram batizados sem demora.+ 34  Ele levou-os à sua casa e pôs a mesa para eles, e ele e todos os da sua casa se alegraram muito por terem crido em Deus. 35  Quando amanheceu, os magistrados civis enviaram os guardas para dizer ao carcereiro: “Solta esses homens.” 36  O carcereiro transmitiu estas palavras a Paulo e disse: “Os magistrados civis mandaram soltar-vos aos dois. Saiam agora e vão em paz.” 37  No entanto, Paulo disse-lhes: “Eles açoitaram-nos publicamente sem termos sido julgados,* embora sejamos romanos,+ e meteram-nos na prisão. Agora, mandam-nos embora secretamente? Não! Eles próprios que venham e nos levem para fora.” 38  Os guardas comunicaram, então, estas palavras aos magistrados civis. Estes ficaram com medo quando ouviram que os homens eram romanos.+ 39  Assim, foram até lá e pediram-lhes desculpas, e, depois de levá-los para fora, pediram-lhes que partissem da cidade. 40  Todavia, Paulo e Silas, ao saírem da prisão, foram à casa de Lídia.+ Quando viram os irmãos, encorajaram-nos.+ Depois disso, partiram.

Notas de rodapé

Ou: “e”.
Ou: “lícito”.
Ou: “sem um processo formal”.

Notas de estudo

Timóteo: Esta é a primeira vez que a Bíblia menciona Timóteo. Em grego, este nome significa “alguém que honra a Deus”. Não se sabe exatamente quando é que Timóteo se tornou cristão. O que se sabe é que, desde que ele ainda era uma criança bem pequena, a sua mãe, Eunice (que era judia), e provavelmente a sua avó, Loide, já lhe ensinavam “os escritos sagrados” dos judeus, ou seja, as Escrituras Hebraicas. (2Ti 1:5; 3:15) É muito provável que Eunice e Loide se tenham tornado cristãs quando Paulo visitou Listra na sua primeira viagem missionária. Aqui, o versículo diz que o pai de Timóteo era grego. Isso pode significar que a família dele tinha vindo da Grécia ou simplesmente que ele era um não judeu. Tudo indica que ele não era cristão. Paulo voltou a visitar Listra, onde Timóteo provavelmente morava, na sua segunda viagem missionária, no fim do ano 49 ou no início do ano 50 EC. Nessa época, Timóteo já era cristão e “os irmãos em Listra e em Icónio falavam bem dele”. (At 16:2) Timóteo talvez estivesse no fim da adolescência ou com cerca de 20 e poucos anos, visto que uns 10 ou 15 anos mais tarde Paulo lhe disse: “Nunca deixes que ninguém te menospreze por seres jovem.” (1Ti 4:12) Isso indica que, quando Paulo escreveu essas palavras (provavelmente entre 61 e 64 EC), Timóteo ainda era relativamente jovem.

circuncidou-o: Timóteo não tinha sido circuncidado, já que o seu pai não era judeu. E Paulo sabia que a circuncisão não era necessária para os cristãos. (At 15:6-29) Mas ele tinha convidado Timóteo para o acompanhar na sua viagem missionária e sabia que o facto de Timóteo não ser circuncidado poderia tornar-se um obstáculo no seu trabalho de pregação. Por isso, Paulo pediu a Timóteo para se submeter a esse doloroso procedimento. Dessa forma, eles agiram de acordo com o que Paulo escreveu mais tarde aos coríntios: “Para os judeus, tornei-me como judeu, para ganhar os judeus.” — 1Co 9:20.

pelos apóstolos e pelos anciãos em Jerusalém: Assim como alguns anciãos no Israel literal serviam em posições de responsabilidade a nível nacional, os anciãos da congregação em Jerusalém e os apóstolos serviam como um corpo governante que supervisionava todas as congregações do primeiro século EC. (Veja a nota de estudo em At 15:2.) Depois de os apóstolos e os anciãos em Jerusalém tomarem a sua decisão sobre o assunto da circuncisão, eles transmitiram-na às congregações, que a consideraram uma decisão definitiva.

anciãos: Lit.: “homens mais velhos (idosos)”. Neste versículo, a palavra grega presbýteros refere-se a homens que tinham um cargo de responsabilidade na congregação cristã daquela época. Os anciãos da congregação em Jerusalém são mencionados aqui juntamente com os apóstolos. Paulo, Barnabé e alguns outros irmãos de Antioquia da Síria foram ter com esses homens para resolver a questão da circuncisão. Assim como alguns anciãos no Israel literal serviam em posições de responsabilidade a nível nacional, os anciãos da congregação em Jerusalém e os apóstolos serviam juntos como um corpo governante que supervisionava todas as congregações do primeiro século EC. Isso indica que o corpo governante, que no início era formado apenas pelos 12 apóstolos, tinha aumentado. — At 1:21, 22, 26; veja as notas de estudo em Mt 16:21; At 11:30.

na província da Ásia: Veja o Glossário, “Ásia”.

o espírito de Jesus: Aparentemente, estas palavras referem-se ao espírito santo, ou força ativa, que Jesus “recebeu do Pai”. (At 2:33) Como cabeça da congregação cristã, Jesus usou o espírito para direcionar o trabalho de pregação dos cristãos do primeiro século EC, mostrando-lhes onde deveriam concentrar os seus esforços. Na ocasião mencionada aqui, Jesus usou “o espírito santo” para impedir que Paulo e os seus companheiros de viagem pregassem nas províncias da Ásia e da Bitínia. (At 16:6-10) Mas, mais tarde, a pregação das boas novas também chegou a essas regiões. — At 18:18-21; 1Pe 1:1, 2.

passaram pela: Ou: “atravessaram a”. O verbo grego parérkhomai, traduzido aqui como “passaram pela”, também pode significar “passar ao lado de”. Mas aqui, pelos vistos, transmite a ideia de que Paulo e os seus companheiros atravessaram a região. Tróade era uma cidade portuária que ficava na região da Mísia, no noroeste da Ásia Menor. Para chegar a Tróade, Paulo e os seus companheiros tiveram de atravessar a Mísia. Por isso, a maneira como o verbo parérkhomai é usado aqui indica que eles apenas atravessaram a região, sem se concentrarem em pregar ali.

Macedónia: Veja o Glossário.

tentámos: Até At 16:9, todos os acontecimentos do livro de Atos são narrados na terceira pessoa, ou seja, Lucas relata apenas coisas que outros fizeram e disseram. No entanto, aqui em At 16:10, Lucas muda o seu estilo e inclui-se no relato. A partir deste versículo, Lucas, às vezes, narra os acontecimentos na primeira pessoa. Parece que ele estava entre os companheiros de Paulo nessas ocasiões. (Veja a nota de estudo em At 1:1 e “Introdução a Atos”.) A primeira viagem que Lucas fez com Paulo foi de Tróade a Filipos, por volta de 50 EC. Mas, quando Paulo deixou Filipos, Lucas já não estava com ele. — At 16:10-17, 40; veja as notas de estudo em At 20:5; 27:1.

declarar as boas novas: Veja a nota de estudo em At 5:42.

No primeiro relato: O relato a que Lucas se refere aqui é o Evangelho que ele escreveu sobre a vida de Jesus. Nele, Lucas concentrou-se em escrever sobre “todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar”. No livro de Atos, Lucas continua a partir de onde tinha parado e regista as coisas que os seguidores de Jesus fizeram e disseram. Os dois relatos são parecidos no estilo e na escolha de palavras, e foram escritos para a mesma pessoa, Teófilo. A Bíblia não diz especificamente que Teófilo era discípulo de Cristo. (Veja a nota de estudo em Lu 1:3.) Fica claro que Lucas escreveu o livro de Atos como uma continuação do seu Evangelho, visto que ele começa Atos com um resumo de vários acontecimentos registados no fim do seu primeiro relato. No entanto, ao fazer este resumo, Lucas não usa exatamente as mesmas palavras. Além disso, ele fornece alguns detalhes adicionais. — Compare Lu 24:49 com At 1:1-12.

nós: O facto de Lucas se incluir no relato, por usar o pronome “nós”, indica que ele reencontrou Paulo em Filipos. A última vez que eles tinham estado juntos também tinha sido em Filipos. (At 16:10-17, 40) Depois de se reencontrarem, eles viajaram para Jerusalém, onde Paulo mais tarde foi preso. (At 20:5–21:18, 33) Esta é a segunda passagem do livro de Atos em que Lucas se inclui no relato. — Veja as notas de estudo em At 16:10; 27:1.

navegaríamos: Conforme explicado nas notas de estudo em At 16:10 e 20:5, em algumas partes do livro de Atos, Lucas narra os acontecimentos na primeira pessoa e, às vezes, usa o pronome “nós”. (At 27:20) Isso indica que Lucas acompanhou Paulo em algumas partes das suas muitas viagens. Deste versículo até At 28:16, Lucas narra os acontecimentos dessa forma, mostrando que ele estava com Paulo na viagem para Roma.

declarar as boas novas: O verbo grego usado aqui, euaggelízomai, está relacionado com o substantivo euaggélion, que significa “boas novas”. Nas Escrituras Gregas Cristãs, dois aspetos muito importantes das boas novas são o Reino de Deus, que foi o tema da pregação e do ensino de Jesus, e a salvação por meio da fé em Jesus Cristo. No livro de Atos, euaggelízomai aparece muitas vezes, dando destaque ao trabalho de pregação. — At 8:4, 12, 25, 35, 40; 10:36; 11:20; 13:32; 14:7, 15, 21; 15:35; 16:10; 17:18; veja as notas de estudo em Mt 4:23; 24:14.

Filipos: O nome original desta cidade era Crenides (Krenides). Por volta da metade do século 4 AEC, Filipe II, da Macedónia (pai de Alexandre, o Grande), tomou a cidade, que estava sob o domínio dos trácios, e deu-lhe o seu próprio nome. Naquela região, havia minas de ouro muito produtivas, e foram feitas moedas de ouro com o nome de Filipe. Por volta de 168 AEC, o cônsul romano Lúcio Emílio Paulo derrotou Perseu, o último dos reis macedónios, e conquistou Filipos e a região à volta. Em 146 AEC, toda a Macedónia tornou-se uma única província romana. Foi na planície de Filipos, em 42 AEC, que aconteceu a famosa batalha em que Otaviano (Otávio) e Marco António derrotaram os exércitos de Bruto e Caio Cássio Longino, que tinham assassinado Júlio César. Para comemorar a sua vitória, Otaviano tornou Filipos uma colónia romana. Alguns anos mais tarde, quando Otaviano foi nomeado pelo Senado como imperador e passou a ser conhecido como César Augusto, ele deu a Filipos o título de Colónia Júlia Augusta Filipense. — Veja o Apêndice B13.

um rio: Muitos estudiosos acreditam que este rio seja o Gangites, que fica 2,4 quilómetros a oeste de Filipos. Essa distância é maior do que a que os judeus podiam percorrer no sábado. Alguns acham que, por causa da natureza militar de Filipos, os judeus talvez tenham sido proibidos de se reunir para adorar dentro da cidade e precisavam de fazer isso longe dali. Uma segunda opção, defendida por outros estudiosos, é que o rio mencionado aqui seja o Crenides (Krenides), um ribeiro que fica mais perto da cidade e que é conhecido localmente como o ribeiro de Lídia. Mas alguns acham improvável que o lugar de oração mencionado neste versículo fosse ali, visto que foram encontrados túmulos romanos no local e esse lugar de oração ficava à vista de todos. Uma terceira opção apresentada por alguns é que o lugar de oração ficasse do lado de fora do Portão de Neápolis, no local onde há hoje um ribeiro seco. Nesse local, foram construídas algumas igrejas no século 4 ou 5 EC, em homenagem à visita de Paulo a Filipos.

um lugar de oração: Pode ser que os judeus fossem proibidos de ter uma sinagoga em Filipos por causa da natureza militar da cidade. Ou talvez a cidade tivesse menos de dez homens judeus. Segundo a tradição, esse era o número mínimo exigido para se estabelecer uma sinagoga.

chamava-se Lídia: Lídia é mencionada por nome apenas duas vezes na Bíblia: aqui e em At 16:40. Alguns acham que “Lídia” era uma alcunha que significava “mulher de Lídia”, mas existem documentos que mostram que Lídia também era um nome próprio. Lídia e os da sua casa tornaram-se cristãos por volta de 50 EC em Filipos. Por isso, eles estavam entre as primeiras pessoas da Europa a aceitar o cristianismo em resultado da pregação de Paulo. É possível que Lídia fosse viúva ou que nunca se tivesse casado. Por causa da sua generosidade, ela teve a oportunidade de passar tempo na companhia dos missionários Paulo, Silas e Lucas. — At 16:15.

vendedora de púrpura: É provável que Lídia comercializasse artigos variados de púrpura, incluindo tecidos, roupas, tapeçarias e corantes. Ela era natural de Tiatira, uma cidade que ficava no oeste da Ásia Menor, numa região chamada Lídia. Foi encontrada em Filipos uma inscrição que comprova que havia ali uma associação de vendedores de púrpura. Desde os dias de Homero (séculos 9 ou 8 AEC), os lídios e os povos vizinhos eram famosos pela sua habilidade em usar púrpura para tingir tecidos. É muito provável que Lídia fosse uma comerciante rica e bem-sucedida, pois trabalhar com púrpura exigia investir muito dinheiro. Além disso, Lídia tinha uma casa suficientemente grande para hospedar quatro pessoas – Paulo, Silas, Timóteo e Lucas. O texto de At 16:15 fala sobre “os da sua casa”, ou seja, os da casa de Lídia. Isso pode indicar que ela morava com familiares, mas também pode significar que ela tinha escravos e servos. E o facto de Paulo e Silas, antes de deixarem a cidade, se terem encontrado com alguns irmãos na casa dessa mulher hospitaleira sugere que a casa dela se tornou um local de reuniões para os primeiros cristãos em Filipos. — At 16:40.

Jeová abriu-lhe amplamente o coração: Neste versículo, Lídia é chamada adoradora de Deus, o que indica que ela era uma prosélita. (At 13:43) Ela estava reunida com outras mulheres no sábado num lugar de oração que ficava ao pé de um rio, fora da cidade de Filipos. (At 16:13) Pode ser que houvesse poucos judeus em Filipos e que a cidade não tivesse uma sinagoga. Lídia talvez tenha entrado em contacto com a adoração de Jeová na sua cidade de origem, Tiatira, que tinha uma grande população de judeus e um local de reuniões. Jeová, o Deus a quem Lídia adorava, percebeu que ela estava a ouvir com atenção o que Paulo estava a dizer. — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 16:14).

Jeová abriu-lhe amplamente o coração: Neste versículo, Lídia é chamada adoradora de Deus, o que indica que ela era uma prosélita. (At 13:43) Ela estava reunida com outras mulheres no sábado num lugar de oração que ficava ao pé de um rio, fora da cidade de Filipos. (At 16:13) Pode ser que houvesse poucos judeus em Filipos e que a cidade não tivesse uma sinagoga. Lídia talvez tenha entrado em contacto com a adoração de Jeová na sua cidade de origem, Tiatira, que tinha uma grande população de judeus e um local de reuniões. Jeová, o Deus a quem Lídia adorava, percebeu que ela estava a ouvir com atenção o que Paulo estava a dizer. — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 16:14).

fiel a Jeová: Como mostra a nota de estudo no versículo anterior, tudo indica que Lídia era prosélita. Por isso, parece lógico que aqui ela se estivesse a referir a Jeová. Ela tinha acabado de ouvir Paulo a pregar sobre Jesus Cristo e ainda não tinha tido a oportunidade de mostrar a sua fidelidade a ele. Por isso, faz mais sentido que ela se estivesse referir à sua fidelidade a Jeová, o Deus a quem ela adorava. — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 16:15).

um espírito, um demónio de adivinhação: Lit.: “um espírito de píton”. Píton era o nome de uma serpente ou dragão mitológico que protegia o templo e o oráculo de Delfos, na Grécia. Com o tempo, a palavra grega pýthon passou a referir-se a uma pessoa que podia prever o futuro e ao espírito que falava por meio dela. Mais tarde, pýthon também se passou a referir a ventríloquos, mas aqui em Atos a palavra foi usada para falar de um demónio que dava à serva a capacidade de fazer predições.

adivinhar o futuro: Ou: “praticar a arte da predição”. A Bíblia fala de alguns que afirmavam ter a habilidade de prever o futuro, como por exemplo sacerdotes-magos, adivinhos e astrólogos. (Le 19:31; De 18:11) Nas Escrituras Gregas Cristãs, a única passagem que fala sobre demónios preverem o futuro é este relato do que aconteceu em Filipos. Os demónios opõem-se a Deus e aos que fazem a vontade dele. Por isso, não é de admirar que Paulo e Silas tenham sofrido intensa oposição por terem expulsado esse demónio de adivinhação. — At 16:12, 17-24.

na praça principal: Ou: “no mercado”. Localizada a noroeste da Acrópole, a praça principal (em grego, agorá) de Atenas tinha aproximadamente 250 metros de comprimento por 200 metros de largura. Não era apenas um lugar usado para compras e vendas. Também era o centro económico, político e cultural da cidade. Os atenienses gostavam de se reunir nesse local para participar em debates intelectuais.

nas praças públicas: Ou: “nos mercados; nos lugares de reunião”. A palavra grega agorá é usada aqui para se referir a uma área aberta que existia nas cidades do Antigo Oriente Próximo e de outras regiões influenciadas pelos impérios grego e romano. Essas praças públicas serviam como centro de compras e vendas, e como local de reuniões públicas.

praça principal: Ou: “mercado; foro”. A palavra grega agorá é usada aqui para se referir a uma área aberta que existia nas cidades do Antigo Oriente Próximo e de outras regiões influenciadas pelos impérios grego e romano. Essas praças públicas serviam como centro de compras e vendas e como local de reuniões públicas. Este relato do que aconteceu em Filipos parece indicar que alguns julgamentos eram realizados na praça principal. Escavações das ruínas de Filipos indicam que a Via Egnácia (uma importante estrada romana) passava pelo meio da cidade e que, ao lado dessa estrada, havia um grande foro, ou praça principal. — Veja as notas de estudo em Mt 23:7; At 17:17.

aos magistrados civis: A palavra grega strategós aparece aqui no plural e refere-se às principais autoridades da colónia romana de Filipos. Os seus deveres incluíam manter a ordem, administrar as finanças, julgar os que violavam a lei e ordenar a aplicação de punições.

somos romanos: A cidade de Filipos era uma colónia romana e os seus habitantes tinham muitos privilégios. Entre esses privilégios, talvez estivesse uma espécie de cidadania que lhes dava alguns direitos de um cidadão romano. Isso talvez explique por que razão eles, pelos vistos, eram tão apegados a Roma. — Veja a nota de estudo em At 16:12.

Filipos: O nome original desta cidade era Crenides (Krenides). Por volta da metade do século 4 AEC, Filipe II, da Macedónia (pai de Alexandre, o Grande), tomou a cidade, que estava sob o domínio dos trácios, e deu-lhe o seu próprio nome. Naquela região, havia minas de ouro muito produtivas, e foram feitas moedas de ouro com o nome de Filipe. Por volta de 168 AEC, o cônsul romano Lúcio Emílio Paulo derrotou Perseu, o último dos reis macedónios, e conquistou Filipos e a região à volta. Em 146 AEC, toda a Macedónia tornou-se uma única província romana. Foi na planície de Filipos, em 42 AEC, que aconteceu a famosa batalha em que Otaviano (Otávio) e Marco António derrotaram os exércitos de Bruto e Caio Cássio Longino, que tinham assassinado Júlio César. Para comemorar a sua vitória, Otaviano tornou Filipos uma colónia romana. Alguns anos mais tarde, quando Otaviano foi nomeado pelo Senado como imperador e passou a ser conhecido como César Augusto, ele deu a Filipos o título de Colónia Júlia Augusta Filipense. — Veja o Apêndice B13.

palavra de Jeová: Esta expressão vem das Escrituras Hebraicas, onde aparece em cerca de 200 versículos e é formada pelo termo hebraico para “palavra” e o nome de Deus. (Algumas dessas ocorrências estão em 2Sa 12:9; 2Rs 7:1; 20:16; 24:2; Is 1:10; 2:3; 28:14; 38:4; Je 1:4; 2:4; Ez 1:3; 6:1; Os 1:1; Miq 1:1 e Za 9:1.) Numa cópia muito antiga da Septuaginta, feita em pergaminho, essa expressão aparece em Za 9:1 e foi traduzida pela palavra grega lógos seguida pelo nome de Deus em letras hebraicas antigas (). O rolo que contém essa passagem foi encontrado em Nahal Hever, no deserto da Judeia, em Israel, e é datado de entre 50 AEC e 50 EC. Os motivos que levaram a Tradução do Novo Mundo a usar a expressão “palavra de Jeová” aqui no texto principal, apesar de muitos manuscritos gregos usarem “palavra do Senhor”, são explicados no Apêndice C3 (introdução e At 8:25).

da palavra de Jeová: Veja a nota de estudo em At 8:25 e o Apêndice C3 (introdução e At 16:32).

foram batizados sem demora: O carcereiro e os da sua casa (a sua família) eram não judeus e, provavelmente, não conheciam as verdades básicas das Escrituras. Paulo e Silas disseram que eles deviam ‘crer no Senhor Jesus’ e falaram-lhes “da palavra de Jeová”, sem dúvida, de forma detalhada. (At 16:31, 32) Isso teve um impacto tão grande neles que, naquela mesma noite, eles ‘creram em Deus’, ou seja, passaram a ter fé nele. (At 16:34) Então, era apropriado que eles fossem batizados sem demora. O texto de At 16:40 indica que, quando Paulo e Silas partiram de Filipos, o seu outro companheiro de viagem, Lucas, não foi com eles. (Veja a nota de estudo em At 16:10.) Pode ser que Lucas tenha ficado em Filipos durante algum tempo para dar ajuda aos novos cristãos ali.

tentámos: Até At 16:9, todos os acontecimentos do livro de Atos são narrados na terceira pessoa, ou seja, Lucas relata apenas coisas que outros fizeram e disseram. No entanto, aqui em At 16:10, Lucas muda o seu estilo e inclui-se no relato. A partir deste versículo, Lucas, às vezes, narra os acontecimentos na primeira pessoa. Parece que ele estava entre os companheiros de Paulo nessas ocasiões. (Veja a nota de estudo em At 1:1 e “Introdução a Atos”.) A primeira viagem que Lucas fez com Paulo foi de Tróade a Filipos, por volta de 50 EC. Mas, quando Paulo deixou Filipos, Lucas já não estava com ele. — At 16:10-17, 40; veja as notas de estudo em At 20:5; 27:1.

os guardas: A palavra grega que aparece aqui, rhabdoúkhos, significa literalmente “portador de vara”. Refere-se a um ajudante oficial que era designado para escoltar um magistrado romano em público e para executar as suas instruções. Os romanos chamavam lictor a esse ajudante. Algumas das funções que esses guardas tinham eram de natureza policial, mas eles serviam apenas o magistrado e tinham o dever de estar sempre à sua disposição. Eles não tinham a obrigação de atender os pedidos do povo e obedeciam apenas às ordens do seu magistrado.

embora sejamos romanos: Ou seja, cidadãos romanos. Paulo e, provavelmente, Silas eram cidadãos romanos. Com base na lei romana, um cidadão tinha sempre o direito de ser julgado perante um tribunal e nunca deveria ser punido em público sem antes ter sido condenado. Quem era cidadão romano tinha certos direitos e privilégios em qualquer lugar para onde fosse dentro do Império Romano. O cidadão romano estava sujeito à lei romana, não às leis das províncias. Se fosse acusado, ele podia concordar em ser julgado segundo as leis locais, mas ainda assim tinha o direito de ser ouvido por um tribunal romano. E, se a acusação pudesse levar à pena de morte, ele tinha o direito de apelar para o imperador. O apóstolo Paulo pregou por todo o Império Romano. O relato bíblico regista três ocasiões em que ele usou os seus direitos de cidadão romano. A primeira vez foi nesta ocasião em Filipos, quando ele informou os magistrados filipenses de que eles tinham violado os seus direitos ao espancá-lo. — Para ver as outras ocasiões, veja as notas de estudo em At 22:25; 25:11.

Apelo para César!: Esta é a terceira ocasião registada na Bíblia em que Paulo usou os seus direitos de cidadão romano. (Para ver as outras duas ocasiões, leia as notas de estudo em At 16:37; 22:25.) Uma pessoa não tinha de esperar pelo proferimento da sentença para apelar para César. Se desejasse, podia apelar em qualquer momento do julgamento. Festo tinha dado sinais de que não queria decidir o caso de Paulo, e um julgamento em Jerusalém muito provavelmente não seria justo. Por isso, Paulo fez esse pedido formal para ser julgado pelo tribunal mais alto do império. Parece que, em alguns casos, a apelação podia ser negada, como no caso de um ladrão, um pirata ou alguém que incentivasse a rebelião contra o governo e fosse apanhado em flagrante. Foi provavelmente por isso que Festo consultou “o grupo de conselheiros” antes de aceitar a apelação. (At 25:12) Festo aproveitou a visita de Herodes Agripa II para lhe apresentar o caso de Paulo e conseguir informações mais claras para enviar ao “Augusto”, ou seja, a Nero. (At 25:12-27; 26:32; 28:19) A apelação de Paulo também serviu para o levar a Roma, um local para onde ele já tinha dito que pretendia ir. (At 19:21) A promessa profética que Jesus lhe tinha feito e a mensagem que ele recebeu mais tarde de um anjo mostram que Deus estava a dirigir os assuntos. — At 23:11; 27:23, 24.

um romano: Ou seja, um cidadão romano. Esta é a segunda das três ocasiões registadas na Bíblia em que Paulo usou os seus direitos de cidadão romano. As autoridades romanas normalmente não interferiam nos assuntos internos dos judeus. Mas os romanos envolveram-se no caso de Paulo por causa da confusão gerada pela visita dele ao templo e porque ele era cidadão romano. A cidadania dava à pessoa certos privilégios que eram reconhecidos e respeitados em todo o Império Romano. Por exemplo, era ilegal prender ou espancar um cidadão romano que não tivesse sido condenado. Apenas os escravos podiam ser tratados dessa forma. — Para ver as outras duas ocasiões em que Paulo usou os seus direitos de cidadão romano, veja as notas de estudo em At 16:37; 25:11.

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Neápolis
Neápolis

Esta fotografia mostra a cidade de Cavala, que foi construída no local da antiga cidade de Neápolis, no litoral norte do mar Egeu. Neápolis servia de porto para Filipos, que ficava ali perto, a noroeste. Foi por Neápolis que Paulo entrou na Europa pela primeira vez, depois de ter recebido numa visão a instrução “vem à Macedónia”. (At 16:9, 11, 12) Ele provavelmente também passou por Neápolis durante a sua terceira viagem missionária. (At 20:2, 6) Não restou muito da cidade dos tempos romanos, mas os visitantes ainda podem passar por alguns segmentos de uma estrada construída pelos romanos que fica perto dali, a Via Egnácia (Via Egnatia). Essa estrada era uma importante rota leste-oeste e ligava várias cidades da Europa. Tinha cerca de 800 quilómetros de extensão e chegava até à fronteira com a Ásia. A Via Egnácia passava por várias cidades que Paulo visitou, incluindo Filipos, Anfípolis, Apolónia e Tessalónica, além da própria Neápolis. — At 17:1.

Lugar de oração perto de Filipos
Lugar de oração perto de Filipos

Esta fotografia mostra o ribeiro Crenides (Krenides). Esse ribeiro corria do lado de fora da antiga Filipos e passava perto do Portão de Krenides, que ficava no lado oeste da cidade. Pode ter sido o “rio” onde Paulo pregou a um grupo de mulheres que se tinham reunido para orar, mas os estudiosos também apresentam outras possibilidades. — At 16:13-15.